Um advogado criminalista com quem trabalhei dizia que eram dois os tipos mais vaidosos que podiam existir: advogados criminalistas e maestros. Depois de passar pela academia, eu acrescentaria um terceiro tipo: o intelectual, dono de uma vaidade dissimulada, um tanto desinteressada, pois é vaidade de algo que, em tese, é para o bem comum (o saber).
O diabo é que, daqueles três tipos, só não fui maestro. E, não sendo mais advogado criminalista, tenho atualmente esse tipo peculiar de vaidade, a intelectual, esse deslumbre com a própria inteligência, que se disfarça no cometimento exigido no meio acadêmico, mas que se desfaz completamente na primeira paulada que um comentador faz em congresso - ou, pior - um arguidor em sua banca de defesa de tese (e, acreditem, apesar de sair de minha defesa feliz com o resultado e certo de ter feito um bom trabalho, o peso das críticas, provocações e dúvidas que a banca colocou na minha cabeça são coisas que ainda me seguem, e vão seguir por algum tempo...)
Por ter - e não negar - essa vaidade, fiquei muito feliz com a matéria que a Agência USP fez sobre minha tese de doutorado, e principalmente com a sua repercussão na internet, em blogs lidos e comentados como o ótimo Viomundo, do Luiz Carlos Azenha, e também no Twitter. Mas, vaidades à parte, fiquei feliz pela repercussão em si, pelo fato de meu tema e minha pesquisa despertarem reflexões, comentários, debates. Era essa a minha intenção, e por isso a tese, e todo o esforço para produzi-la, já valeram.
E, não poderia deixar de dizer, fico feliz (na verdade, orgulhoso) também por ver minha pesquisa identificada como "pesquisa da USP". Pois ela é isso mesmo. Foi a USP quem me formou e me deu as condições intelectuais e materiais de realizar a pesquisa e a tese, ponto final de uma trajetória que inclui a graduação em uma das escolas de elites jurídicas que analisei, e um mestrado em Ciência Política que foi o rito de passagem para as Ciências Sociais. É a USP (como tantas outras e muitas universidades públicas) que investe dinheiro público em pesquisa e na formação de quadros para o desenvolvimento brasileiro. É a USP e todas essas universidades públicas que souberam resistir às investidas neoliberais e manterem-se de pé, a ponto de ter um programa de pós-graduação em Ciência Política com nota 6 na CAPES (instituição pública que, diga-se, também me ajudou, com a bolsa no mestrado e nos primeiros meses do doutorado).
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