quinta-feira, 5 de novembro de 2009

As Ciências Sociais e o estudo da política

A última atividade da qual participei no 33º Encontro Anual da ANPOCS foi um fórum denominado As Ciências Sociais e o estudo da política. A composição da mesa e as orientações teóricas eram, em grande parte, bastante próximas das que caracterizaram os debates do GT Elites e instituições políticas (veja informações sobre esse evento em http://www.encontroanpocs.org.br/2009/?id_conteudo=21).

Basicamente, cientistas políticos e um antropólogo que estudam os fenômenos políticos a partir de abordagens interdisciplinares e imunes a modismos e dogmatismos crescentes no mainstream da Ciência Política brasileira, geograficamente localizado em São Paulo: os neo-institucionalismos, a escolha racional, os quantitativismos. Não que não haja, por outro lado, uma (contra-)tendência dominante clara na abordagem da política feita por esses jovens pesquisadores: mais especificamente, todos de alguma forma dialogam com a sociologia histórica e com a historiografia francesa, sendo Pierre Bourdieu um autor citado por todos.

Interessante, de qualquer forma, é a criatividade analítica e a diversidade de temas abordados pelos pesquisadores que compunham a mesa. Com exceção do antropólogo da política, formado no Rio e ligado à Universidade Federal Fluminense, todos os outros vieram da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e atualmente são professores de universidades federais novas ou periféricas (São Carlos, Maranhão e Sergipe, especificamente) contratados na onda do REUNI, o programa de apoio às universidades federais mantido pelo MEC. Em geral, afirmam-se como cientistas políticos, mas defendem a prática de uma sociologia do poder - mais do que uma sociologia política, mais do que uma ciência política disciplinarmente hermética. Nesse sentido, sua posição em relação ao mainstream da Ciência Política não parece ser só uma decorrência de suas opções metodológicas ou teóricas, mas surge como uma verdadeira opção política consciente desses pesquisadores num campo em disputa.

Pessoalmente, gostei muito das discussões, e senti-me mais confortável com as minhas próprias opções teóricas e metodológicas (e por que não, políticas?), um tanto incidentais ao longo de minha trajetória interdisciplinar, mas que vêm definindo minha identidade como pesquisador a partir de uma sociologia histórica, relacional e compreensiva, que tem na política e no poder, entendidos em sentido amplo, seus objetos centrais

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